Mont Royal: a “montanha” mágica

 

 

Diz a lenda tornada história ou a história tornada lenda que quando Jaques Cartier (francês que desbravou estes sítios), em 1535 chegou ao cimo deste monte o achou tão belo que o apelidou, em honra do seu rei Francisco I da França, de Mont Royal... não sei em que estação do ano lá chegou, eu apostaria que devia ter sido no Outono.

 

O Mont Royal tem realmente magia!

 O ano passado quando aqui cheguei no princípio de Abril ainda todo ele estava despido, as árvores ainda erguiam ao céu, então já azul, os ramos secos que aos olhos dos menos atentos pareceriam definitivamente secos! Um mês passado e um verde tenro começa a pintá-las, depois cada vez mais escuro e de tons diferenciados, florescem também alguns arbustos embora haja poucos, a relva torna-se mais verde e salpica-se de gente que vem para os primeiros dias de realmente Primavera…os riachos do degelo ainda corriam.

 

O Verão chega, os ramos das árvores enleiam-se (termo roubado à RV) uns nos outros, as copas fecham-se  e a frescura está por todo o lado, os pic-nics continuam, as bolas dos garotos rolam de um lado para o outro…

 

Chegam os meados de Setembro, aos poucos tudo muda, o verde passa a amarelo, a laranja, a vermelho a castanho… e aqui é que aparece a magia do prestigitador, o Outono. Como que um mago faz cair as folhas  que mais parecem bocadinhos de ouro que “chovem” das árvores…depois o chão torna-se num tapete fofo e dourado e assim fica até às primeiras “pétalas” de neve!

 

Então, aí está o Inverno, nos princípios de Dezembro a neve começa a cair e tudo se cobre de branco,  um branco silencioso que abafa os nossos passos, mas que não hesitamos em dar… e pelos carreiros que já o não  são, vamos rodeando a “montanha mágica" sempre em redor até nos depararmos com o Lago dos Castores, que já não é um lago mas um ring de patinagem onde ao som de músia se bamboleiam miúdos e graúdos…

 

Hoje, quase um ano e um mês depois, o ciclo volta a iniciar-se, os riachos do degelo correm ainda barulhentos, as árvores timidamente começam a brotar a relva, já liberta da neve volta a reverdescer, o lago volta a ser lago, os pic-nics regressaram, os gritos dos garotos a trás das bolas voltam-se a ouvir-se...

 

Os habitantes de Montreal, gentes de todas as cores e de todas as falas que, mesmo durante o rigoroso inverno, nunca deixaram o seu parque, lá estão, agora  a única diferença é que substituíram o gorro, as luvas, os casacos de penas e as botas de borracha  pelos calções, pelos tops e pelas sapatilhas…

 

O ciclo das estações está a fechar e eu tive o grande privilégio de o poder apreciar como nunca tinha feito até aqui já que no nosso clima mediterrâneo, onde a neve é esporádica, nunca poderemos ter a sensação das verdadeiras quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno!

 

 Essencialmente por isto, o meu “exílio” valeu a pena e quase posso dizer que, como o Outono, foi um "exilio dourado"  e assim por todos os belos momentos de paz e até de meditação que ele me proporcionou (e foram muitos) é que resolvi dedicar-lhe um post especial... 

 

 

Quando cheguei estava assim, a Primavera estava ainda a umas semanas de se manifestar...

 

 

 

 

Em plena Primavera

 

 

 

No Verão com a cidade aos pés...

 

 

 

 

O Outono começa pé ante pé...

 

 

 

 

 

 

 

 

Tudo branco e silencioso...

 

 

 

 

 

 E o degelo começa... 

 

 

 

 

 

E assim se fecha o ciclo da Natureza do Mont Royal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por naterradosplatanos às 00:34 | link do post | comentar