Comemorar o 10 de Junho em Montreal

 

Nada como estar longe da Pátria para darmos por nós a envolver-mo-nos com algo que no-la faz lembrar. Ontém 10 de Junho aí estou eu a "participar" nas comemorações. Escrevo participar porque talvez eu tenha sido apenas espectadora.

 

Há uns dias a trás, mais uma vez na minha visita semanal à PADARIA PORTUGUESA, vi anunciadas as comemorações do Dia de Portugal: -18.30 no Parque de Portugal com o Hino Nacional e discurso do Sr. Cônsul. Obviamente decidi, no momento, que lá estaria no dia e hora aprazados.

 

Ontem choveu todo o dia, mas isso não me demoveu de estar presente e assim sendo 45minutos antes da hora marcada (tempo que demora a percorrer os 2km até lá) pus pés ao caminho . Quando cheguei, e dado que chovia, havia pouca gente e por isso pensei que tudo teria sido cancelado, mas não, alguém veio avisar que afinal era no Club de Portugal que fica uns metros mais acima…  

Não sei se pela chuva, se pela mudança ou se por esse mau hábito dos portugueses as comemorações começaram atrasadas.

 

 Enquanto alguém não tomou a palavra (digo alguém porque não percebi a função do português que primeiro pegou no microfone), fui apreciando quem chegava e se ia acomodando, uns de pé, outros sentados nas cadeiras que rodeavam as paredes da sala que é grande e com o ar típico de sala de colectividade. Os troféus numa vitrine, fotografias de eventos e personalidades alinhadas nas paredes, um bar ao fundo, na parede oposta a este um palco preparado para discursos e ainda uma estante razoavelmente grande cheia de livros (amanhã falo deste pormenor).

 

Como as comemorações continuavam atrasadas, desviei conscientemente a minha atenção para as pessoas. Como as pessoas se arrumavam, embora não linearmente, ao longo das paredes foi fácil fazer uma contagem e calculei que deviam estar para cima de cem! Quem eram e o que faziam claro que não sei, a única coisa que pude constatar foi o aspecto e ainda tentar dar-lhes uma idade … A esmagadora maioria terá já ultrapassado há muito os 60 e alguns mesmo os 70 (e aqui o número de mulheres não desmente a maior longevidade destas). Depois um grupo nos seus cinquenta e ainda activos, digo activos porque se tratava de homens que manifestamente ainda trabalham; depois uma meia dúzia de casais novos, nos seus 30, 40 anos que devem ter vindo ainda muito pequenos com aqueles pais já agora reformados. O aspecto destes é já é outro… não sei se por serem novos, se por terem já sido criados aqui!

 

Iniciada a sessão depois dos agradecimentos, por isto e por aquilo, fala o Sr. Consul (segundo ele empossado apenas há três meses), fala não, lê!  Assim depois da alusão ao dia (mais me pareceu por dever do que por entusiasmo) não deixou de lembrar as dificuldades por que Portugal passa, mas para quê meu Deus? Para que estes portugueses de “à quem mar” fiquem deprimidos como os da Pátria? Verdadeiramente inoportuno a meu ver. Talvez para amenizar falou, claro está, na Selecção Nacional a quem desejou, e são palavras dele “que fosse até ao mais longe possível na África do Sul”.

 Depois de novo agradecimento aos presentes “por estarem presentes”, a Banda Filarmónica do Sr. Espírito Santo do Laval, dá os primeiros acordes do Hino Nacional. Sem querer, senti uma certa emoção e talvez por isso  não deu para perscrutar os outro e como tal  não posso fazer qualquer juizo. Só sei, que terminado o Hino alguém timidamente disse” Viva Portugal” e apenas uma ou duas vozes responderam de forma igualmente tímida! Por emoção? Ou porque Portugal está lá longe e já não faz parte das suas vidas?

( Não é que tomei consciência de que já  não sei a letra completa do Hino Nacional? Devia ter aproveitado o esforço do Scolari quando quis por todos os portugueses a aprender ou reaprender o Hino!)

Hoje o post ficou demasiado extenso, espero que isso não desmotive a sua leitura.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por naterradosplatanos às 19:59 | link do post | comentar